Invasão Literária noticiada na Revista da Biblioteca Nacional

  • Em Sete de Abril, o evento fez sucesso entre os moradores. Acima, participantes da “Invasão” no dia das apresentações. (Foto:Uarlen Becker)

    Em Sete de Abril, o evento fez sucesso entre os moradores. Acima, participantes da “Invasão” no dia das apresentações. (Foto:Uarlen Becker)

    As origens dos bairros de Calabar e Sete de Abril, em Salvador, são separadas por mais de um século. Do primeiro, sabe-se hoje ter sido habitado desde o século XIX por africanos oriundos da Nigéria. O segundo formou-se em 1967 como o primeiro conjunto habitacional da cidade. Agora estão juntos, ao lado de outras cinco localidades soteropolitanas, sob uma “Invasão Literária”. O projeto é promovido pela rede EMredando Leituras, que reúne sete bibliotecas comunitárias. De 30 de janeiro a 16 de junho, atividades como leitura de histórias, recitais de poesias e teatro de bonecos invadem o cotidiano dos moradores.

     
    A ideia nasceu na Biblioteca Comunitária de Calabar em 2007 e, enfim, se expande para toda a rede. A escolha do nome Invasão não foi por acaso. “Sentíamos o peso dessa palavra na pele, pois ela era usada pela grande mídia para discriminar, rebaixar, humilhar. Já debatíamos identidade e elevação de autoestima na biblioteca, e então pensamos em realizar a atividade e com esse nome. Usamos do estigma para mandar uma mensagem para dentro e fora da comunidade, mostrando que ali tem arte, cultura, pessoas pensantes e incomodadas com o tratamento que recebiam pelo peso da expressão”, explica Rodrigo Pita, coordenador da biblioteca e diretor da Associação Ideologia Calabar.
     
    Momento lúdico capturado por Uarlen Becker, que participa ativamente das atividades integrando a equipe de comunicação. (Foto:Uarlen Becker)

    Momento lúdico capturado por Uarlen Becker, que participa ativamente das atividades integrando a equipe de comunicação. (Foto:Uarlen Becker)

    A aproximadamente 30 quilômetros do centro de Salvador ficava a fazenda Sete de Abril. O bairro homônimo dos anos 1960 foi erguido numa área loteada da propriedade, “desordenado e ‘espremido’ entre os bairros de Castelo Branco, Vila Canária, Novo Marotinho e Via Regional”, conta Gicélia Maria de Melo Barros, coordenadora do projeto de leitura da Biblioteca Comunitária daquele bairro. Gicélia é uma das fundadoras da biblioteca, que completa 13 anos em julho e integra o EMredando. A “invasão” dos livros na comunidade aconteceu no dia 28 de fevereiro, e foi muito bem recebida pelos moradores: “Mais de cem pessoas compareceram ao evento”, comemora.

     
    “Hoje, mais do que nunca, precisamos da mediação da leitura, porque a criança do século XXI não precisa mais conhecer o segredo do mundo dos adultos pelos escritos”, explica Georgina Martins, professora de Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo ela, “mediação”, nesse caso, é quando transmitimos com entusiasmo a ideia de ler. Exatamente o que ocorre quando um livro é apresentado em forma de teatro e música, atividades incentivadas pelos “invasores” da rede.

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